Capítulo 48: A Cerimônia
A garoa fina que acompanhou o final de Setembro se transformou em uma
chuva torrencial quando Outubro começou. Os corredores do castelo ficaram
gelados e cheios de correntes de ar, mas nem de longe tão ruim e úmido quanto
os jardins. Como monitores, Rony, Hermione e Gina eram obrigados a tomar conta
dos alunos do primeiro e segundo ano durante seus intervalos entre as aulas e
depois do almoço até que as tempestades passassem. Rony em particular parecia
detestar essa situação, mas procurava entreter a si mesmo dando aos pequenos
infelizes que ele estava observando, nomes de duendes e então gritando coisas
como, - OH BOGROD! Sim, eu estou falando com você. Sente-se e cale essa maldita
boca, quando eles ficavam muito barulhentos. Isso é claro, chateava Hermione e
eles invariavelmente acabavam discutindo sobre isso até a hora de irem para as
aulas.
Harry, a maior parte do tempo, ignorava a briga deles. Aborrecer um ao
outro era um dos passatempos favoritos deles no fim de tudo, então ele somente
caminhava ao lado deles quando eles começavam e deixava-os a vontade. Para um
observador casual poderia parecer que nada havia mudado entre Rony e Hermione,
mas Harry sabia a verdade e agora que sabia, ele não conseguia entender como
não havia percebido a diferença antes.
Sim, eles discutiam, mas de um modo completamente diferente. Os
comentários sarcásticos e observações mordazes não eram mais pronunciados com
olhares venenosos ou significados maliciosos. Na verdade, eles eram, na maioria
das vezes, acompanhados de um sorriso mal dissimulado ou um sorriso gentil.
Isso era tão desconcertante e Harry agora percebia que esse era o modo que seus
amigos flertavam um com o outro. Eles tinham feito isso por anos sem nem mesmo
perceber o que faziam e não parecia que eles iriam acabar com isso tão cedo.
Isso não quer dizer que eles não tinham discussões de verdade de tempos
em tempos, porque eles tinham. De fato, teve uma discussão significante cerca
de uma semana depois do aniversário de Hermione que resultou nela entrando
furiosa no salão comunal murmurando entre os dentes palavras como “insensível”
e “idiota”. Harry e Gina imediatamente souberam quem era o idiota, a despeito
do fato de que Hermione continuou marchando para seu quarto sem dar uma palavra
de explicação a eles. E suas suspeitas foram confirmadas quando Rony veio
escalando pelo buraco do retrato alguns momentos depois com uma carranca em seu
rosto.
-O que você fez? Gina ralhou, abandonando seu trabalho de casa de Estudo
dos Trouxas e confrontando seu irmão tão logo ele passou pelo buraco.
-Eu não fiz nada, Rony disse com raiva. -Foi ela. Foi ela que fez,
insistiu apontando para as escadas que Hermione tinha acabado de subir, antes
de empurrar sua irmã para o lado e subir para seu próprio dormitório.
-Ela está certa, sabia? Você é um idiota, Gina gritou para ele, antes de
seus olhos caírem sobre Harry, que ainda estava sentado no sofá junto à
lareira. Um olhar foi o suficiente para que ambos soubessem que estavam na
mesma situação. Sem trocarem uma palavra, Harry levantou-se e ambos subiram
para ver se eles podiam descobrir o que acontecera.
Quando Harry entrou em seu dormitório, encontrou Rony perambulando pelo
quarto, murmurando consigo mesmo tal qual Hermione tinha feito.
-Então? perguntou, entrando no quarto e batendo a porta atrás de si. -O
que aconteceu?
-Você quer saber o que aconteceu? Rony perguntou, parando de andar de um
lado para o outro e encarando seu melhor amigo. -Eu vou te contar o que
aconteceu. Hermione perdeu as estribeiras, isso que aconteceu. Ela está
perdendo a maldita cabeça. Quer dizer, eu sabia que ela ainda estava um pouco paranoica,
mas isso... isso foi muito ridículo. Ela pode dar conselhos ao Moody, aquela
lá.
-Do que você está falando? Harry perguntou, agora mais confuso que
antes. -Hermione não é paranoica.
-O diabo que não! Rony devolveu. -Quando foi a última vez que você a viu
sair para os jardins, ou descer até a biblioteca sozinha depois do jantar? Ela
nem mesmo usa mais o banheiro dos monitores porque ela não gosta de ficar lá
sozinha.
-O que? Harry perguntou, mais que um pouco surpreso com essa revelação.
Ele tinha notado que Hermione tinha alterado um pouco a sua rotina. Ela agora
ia até a Biblioteca de manhã, após um ligeiro café da manhã e logo após acabarem
as aulas da tarde, mas a maior parte das noites era gasta no salão comunal. Ele
tinha presumido que era porque ela queria passar mais tempo com Rony, e ele
mesmo, é claro. Nunca tinha ocorrido a ele que ela poderia estar com medo de
ficar sozinha quando escurecia.
-Você tem certeza? Harry pressionou. -Quer dizer, ela nunca foi do tipo
de ficar muito tempo lá fora e não é como se alguém mais fosse ficar lá fora
com essa chuva e tudo mais. Você vai ter que me mostrar algo melhor que isso se
quiser que eu acredite que ela está ao menos ficando levemente parecida com
Moody.
-Ela azarou o túnel, Rony falou com ironia.
-Huh?
-O túnel que vai dar na Dedosdemel. Ela azarou o maldito túnel.
-O QUE! Harry exclamou, enquanto o choque pelo ultraje fluía por seu
corpo. -Ela fez o que? perguntou descrente. -Por quê?
-Porque ela viu um rato, Rony respondeu, levantando suas mãos para o ar,
exasperado. -É óbvio que existem ratos lá. É um maldito túnel. Mas ela me
ouviu? Não. Ela ficou doida e tentou azara-lo.
-Por que vocês estavam tentando ir a Dedosdemel, Harry perguntou, e
então o absurdo da questão o tomou. -Oh, adicionou, quando a verdade caiu sobre
ele, - vocês não estavam tentando ir até Hogsmeade, vocês estavam procurando um
lugar privado para... Ok, disse, bloqueando esse pensamento de sua mente
rapidamente, - então ela azarou o rato.
-Não, ela errou o rato, Rony informou. -E quando o pequeno salafrário
escapou, ela azarou o túnel no lugar; azarou com algum tipo de feitiço que eu
nunca nem mesmo ouvi falar. Algum tipo de feitiço do Egito antigo que Gui
contou a ela durante o verão. Um disparo de fogo de sua varinha e aqueles
hieróglifos desenhados no ar, então começou a algum tipo de barreira e depois a
luz foi ficando fraca até sumir, mas só porque você não consegue ver, não
significa que não está lá. Maldito Gui, isso tudo é culpa dele. O que ele
estava pensando quando ensinou a ela como fazer uma merda dessas? Especialmente
quando ele nem mesmo sabe o contrafeitiço?
-Espere? Harry falou, sentindo o estomago afundar. -Gui não sabe o contrafeitiço?
-Não.
-Então Hermione também não sabe?
-Não, Rony suspirou. -Aparentemente era nisso que eles estavam
trabalhando quando ele ensinou a ela como lançá-lo.
-Então ela não pode retirar mesmo depois que estiver mais calma?
-Não.
-Bem isso é excelente, Harry fumegou, junto com seu melhor amigo. -Aquela
era a única passagem secreta para Hogsmeade que Filch não conhecia e agora nós
não podemos nem mesmo usá-la. Tudo por causa de um rato? perguntou incrédulo.
-Porque ela pensou que era Pettigrew, Rony corrigiu. -Ele ameaçou me
matar e aparentemente ela tomou isso literalmente. Não era, é claro, adicionou
quando viu seu melhor amigo empalidecer com as novidades. -Pettigrew, quero
dizer. Era somente um tipo comum de rato, mas ela não quis escutar. Ela disse
que não importava porque ele sabia sobre o túnel. E desde que ele sabia, ela
acreditava que Você-Sabe-Quem também sabia, e se ele sabia poderia usá-lo ou
poderia esperar até que um de nós usasse então ela bloqueou-o. Como eu disse a
você, ela está paranoica. Mesmo se ela soubesse o contrafeitiço, ela disse que
não iria usá-lo e você sabe o quão teimosa ela é. Estragou tudo, Ron exclamou,
jogando-se na cama. -Eu não sei o que fazer, disse alguns momentos depois.
-Não há nada que possamos fazer, não é? Harry replicou um tanto
ressentido. -Exceto talvez escrever para Gui e ver se ele já conseguiu o contrafeitiço.
Nós devemos provavelmente avisar a Fred e Jorge também, você sabe, no caso
deles estarem em Hogsmeade e der na cabeça deles escapulir para o castelo para
nos surpreender.
-Eu estou falando sobre ela, Rony esclareceu. -Eu não sei o que fazer
para melhorar isso.
-Vocês dois não... vão acabar com tudo, vão?
-O que? Rony exclamou surpreso. -É claro que não. Eu não estava falando
da nossa briga. Eu não dou a mínima para isso. Isso eu posso ajeitar amanhã. Eu
estava falando sobre a paranoia dela.
-Está tão ruim assim? Harry falou, quando sua irritação pelos atos dela
deu lugar à preocupação. -Como eu não vi isso? ele perguntou com um suspiro,
quando Rony concordou com a cabeça. -Eu sou assim tão desatento?
-Não, ela está escondendo melhor isso agora, o jovem ruivo confessou. -Ela
me fez de bobo por algum tempo também. Quer dizer, eu realmente pensei que ela
tinha superado isso até aquela coisa toda com o Bicho-papão. Foi ali que eu
comecei a perceber os sinais novamente. Mas eles são discretos, sabe? Como o
fato dela somente ir até a Biblioteca ou andar pela escola sozinha quando está
claro e tem um monte de outras pessoas em volta.
-Ela patrulha os corredores de noite quando vocês tem as rondas de
monitores.
-Sim, mas eu estou com ela, Rony lembrou-o. -Além do mais, ela está com
o seu mapa, então não é como se alguém pudesse nos surpreender.
-Então era para isso que ela queria o mapa, Harry falou baixo para si
mesmo.
“Parte do motivo”, Rony pensou, mas manteve as outras razões para si.
-O que mais? Harry perguntou, esperando para saber os outros sinais que
ele não percebera.
-Bem, tem essa coisa do banheiro dos monitores, e... muitas outras
coisas que eu realmente não posso contar para você agora, Rony admitiu
relutantemente. -Por causa do lance da Oclumência, você sabe? Mas... ela esteve
trabalhando nesse plano por realmente muito tempo. Ela somente me contou sobre
isso há pouco tempo atrás, adicionou, - e... Bem, eu realmente não posso contar
a você muito mais do que isso, exceto que é... er... um pouco... hum... extremo
e er... provavelmente não exatamente legal e o fato dela fazer isso deve dizer
algo sobre como ela realmente está descontrolada.
-Hermione tem um plano? Harry perguntou calmamente. -Para acabar com
Voldemort?
-Não exatamente, mas ele ainda continua sendo um plano brilhante, Rony
respondeu, -Mas eu... eu não posso contar mais nada então por favor não me
pergunte, porque eu...
-... não pode me dizer, Harry terminou por ele. -Porque se você fizer,
Voldemort pode ficar sabendo se entrar nos meus pensamentos.
-Eu sinto muito, cara.
-Nós dois, Harry sussurrou.
-Er... então como vai indo sua Oclumência? Rony perguntou cauteloso. -Você
já falou com a Tonks para ajudá-lo?
-Uhm... não, ele admitiu com alguma relutância, -mas eu vou. Se esse
plano pode mesmo funcionar, eu quero saber sobre ele.
***
Para surpresa de Harry, Rony se reconciliou com Hermione na manhã
seguinte. Ele nunca teve certeza de como seu amigo conseguiu isso, mas Rony
levantou-se e se aprontou para descer ao salão comunal primeiro. Mas o que quer
que ele tenha feito fez em tempo recorde, porque quando Harry desceu cerca de
dez minutos depois, eles não estavam discutindo, nem Hermione dava a Rony o
banho de água fria que ele esperara. De fato, ela estava esperando por ele no
pé da escada com um olhar um tanto nervoso.
-Desculpe, ela murmurou tão logo ele apareceu.
-Pode repetir? Harry pediu convencido de que tinha entendido errado.
Hermione nunca tinha pedido desculpas para ele antes. Para dizer a verdade, ele
não podia lembrar-se dela admitindo estar errada nenhuma vez antes.
-Eu sinto muito, ela disse um pouco mais claramente, mas tão baixo
quanto antes. -Eu ainda acho que fiz certo, adicionou um pouco mais alto,
tirando seus olhos do chão para encontrar seu amigo olhando pasmo para ela da
escada. -Aquele túnel é perigoso e nenhum de nós deveria usá-lo, mas eu...
er... eu não deveria ter feito aquilo sem ao menos conversar com você primeiro,
então me desculpe. Pronto, ficou feliz, Hermione completou, cruzando os braços
em frente ao peito e girando para encarar Rony, que estava parado atrás dela.
-É, ele respondeu com um sorriso torto. -E você Harry? Está satisfeito
com isso?
-Não tripudie, Hermione lançou.
-Ah, vamos lá, amor, Rony falou baixinho, indo para frente até ficar ao
lado dela. -Isso não foi tão ruim, foi?
-Sim, foi, ela grunhiu.
-Mas você está se sentindo melhor, não está?
-Não, Hermione declarou, empurrando-o para o lado e encaminhando-se para
o buraco do retrato. -É você quem está se sentindo melhor.
-Ela só está um pouco envergonhada, Rony confidenciou enquanto a
observavam se afastar.
-Como você conseguiu que ela fizesse isso? Harry perguntou assim que
eles saíram pelo retrato e começaram a segui-la até o Salão Principal para o
café da manhã.
-Só usei o charme Weasley, o ruivo alto respondeu com um gracejo.
-Não, sério. Harry perguntou, genuinamente curioso sobre a recém-descoberta
influencia de Rony sobe sua outra melhor amiga. -Como você conseguiu fazer as
pazes com ela tão rápido?
-Prática, Rony falou e deixou por isso mesmo.
-Mais importante, como você fez ela pedir desculpas? Harry pressionou-o.
-Ah bem, isso foi um pouco mais difícil, Rony admitiu. -Eu tive que me
desculpar com ela primeiro.
-Mas você não fez nada.
-Isso não tem importância, cara Rony respondeu. -Era isso que ela queria
ouvir, então eu disse. Aliás, isso não significa que eu precise saber o por que.
Bem, não todo o motivo, de qualquer forma.
-Ela provavelmente não sabe o motivo também, Harry informou-o com um
pequeno sorriso.
-Provavelmente não, Rony riu, - mas ela ainda pediu desculpas e nós dois
ouvimos isso, então tecnicamente nós ganhamos.
***
Os sextanistas da Grifinória e da Sonserina tinham aula de Trato das
Criaturas Mágicas todas as terças e quintas à tarde. As aulas eram usualmente
dadas no lado de fora, já que a maior parte das criaturas que Hagrid achava
interessante ou eram muito grandes ou muito selvagens para levar para dentro de
um castelo cheio de jovens estudantes. As tempestades contínuas causaram um
pouco de problema de qualquer modo e depois de tentar, sem muito sucesso,
conduzir a aula de terça feira dentro de sua choupana, que era muito pequena
Hagrid cancelou a aula seguinte, dando a eles todo um tempo para ficar a toa.
Quando a tarde de quinta finalmente chegou, os rapazes perceberam que
podiam muito bem descer até a cabana de Hagrid de qualquer modo e usar o
período livre como uma oportunidade para conversarem com ele. O que, com os
treinos de quadribol, as detenções de sábado e o incrível número de tarefas de
casa que tinham, eles simplesmente não haviam ainda encontrado tempo de fazer
uma visita apropriada a ele. De qualquer modo, ao contrário dos rapazes, que
tinham o resto da tarde livre, Hermione ainda tinha uma aula para assistir
antes do seu tempo livre e não havia como ela faltar à aula de Aritmância,
então Harry e Rony decidiram esperar.
Hermione é claro, esperava gastar seu tempo livre na biblioteca, o que
não era exatamente o que os rapazes tinham em mente. Rony insistiu em
acompanhá-la e só depois que ela estava sentada e ele teve a certeza de que não
havia nem sinal de Malfoy e seus capangas Sonserinos, foi que ele seguiu com
Harry de volta ao Salão comunal.
-Talvez nós devessemos voltar, Rony falou, enquanto Harry dava a senha à
Mulher Gorda e seu retrato abria a passagem. -Não para estudar, emendou,
seguindo seu melhor amigo pela passagem. -Mas, nós podemos jogar xadrez lá
embaixo tanto quanto aqui.
-E isso não vai irritar Hermione, vai? Harry riu, visualizando a
carranca que teria no rosto dela cada vez que ela bufasse e os mirasse, desviando
o olhar do que ela estivesse lendo. -Sem mencionar a Madame Pince. Ela é capaz
de nos expulsar se ela nos apanhar fazendo isso, mesmo se ficarmos quietos.
-E se ela sair? Rony perguntou, vendo Harry deixar-se cair sobre uma das
poltronas perto da lareira.
-Bem, ela tem outra aula, ele respondeu, seus olhos verdes brilhantes ao
observar a estrutura que Neville e Simas estavam construindo com as cartas de
Snap Explosivo, esperando para ver qual dos dois iria explodir tudo.
-Não Hermione, Rony sussurrou, enquanto sentava na cadeira oposta ao seu
amigo. -Madame Pince. E se ela deixar Hermione lá sozinha?
-Por que ela iria sair? Harry perguntou, direcionando sua atenção novamente
ao seu melhor amigo. -Ela está bem, adicionou, percebendo pela primeira vez que
sua amiga de cabelos cheios poderia não ser a única que estava ficando um pouco
paranoica, -mas se você quiser voltar, eu suponho que podemos apanhar nossas
coisas e...
-Não, você está certo, Rony replicou, retirando sua varinha de dentro de
suas vestes e apontando-a para as escadas que davam no dormitório masculino. -Nós
só iríamos aborrecê-la e a última coisa que eu quero é que ela fique irritada
comigo essa noite ou qualquer noite. Accio jogo de xadrez, falou, convocando a
caixa contendo suas peças de xadrez até o andar de baixo em vez de subir e
pegar ele mesmo.
-Então vocês dois continuam planejando... levar isso adiante? Harry
perguntou, antes de convocar suas próprias peças de xadrez e ocupando-se em
arrumá-las para não ter que encontrar os olhos de Rony.
-É, Rony respondeu, enquanto arrumava as suas peças e esperava Harry
fazer o primeiro movimento.
“Ele não deveria supostamente ter tremido nesse último minuto”? Harry
pensou, avançando um peão para começar o jogo. Por mais que tentasse, Harry não
conseguia distrair sua mente sobre o que iria acontecer. Nada disso parecia
real. Ele ficou esperando cair a ficha, mas não aconteceu. “Mas é real”, falou
a si mesmo, enquanto Rony avançava um de seus peões. “Eles vão fazer isso essa
noite, depois de suas rondas como monitores. Eles realmente vão continuar com
isso. Meus melhores amigos vão se casar. Essa noite. E Rony não está totalmente
apavorado. Como ele pode NÃO estar apavorado? Ele nem mesmo parece nervoso,
Harry pensou, estudando o jovem ruivo bem de perto enquanto movia outro peão.
Eles eram melhores amigos há seis anos e Harry tinha visto Rony em
tantas situações que sabia quando este estava agitado. Ele tinha visto Rony
aborrecido. Tinha visto nervoso. Tinha o visto perder a cabeça. Ele também
tinha visto Rony em situações que o deixaram com medo, ansioso ou os dois e,
contudo, ainda determinado e relutante em desistir do dever a cumprir. Mas esse
não era o caso ali. Ele simplesmente não estava nervoso demais ou hesitante
sobre o que iriam fazer. De fato, enquanto Harry esteve sentado jogando xadrez
com ele, percebeu que a fachada de calma que Rony aparentava usar era, de fato,
real.
Isso não quer dizer que Rony estava se comportando de forma
completamente normal, porque não estava. Ele mal tinha comido alguma coisa
durante o almoço e tinha estado incomumente quieto e calado durante as aulas da
manhã. Era quase como se ele estivesse passando o dia num perpétuo estado de
preocupação. Embora sobre o que ele estivesse realmente pensando, Harry só
podia tentar adivinhar. Ele sabia o que estaria pensando se estivesse no lugar
de Rony, mas seu melhor amigo não parecia ou agia como alguém que tinha passado
boa parte do dia pensando sobre o que iria acontecer uma vez que a cerimônia
acabasse e a noite de núpcias começasse.
“Como ele pode não estar pensando sobre isso”, Harry imaginou, enquanto
Rony colocava seu bispo no jogo. “Eles irão fazer sexo. Ele devia estar
tentando não pensar nisso, mas ele está apenas sentado aqui como se isso não
fosse nada demais, jogando xadrez”.
-Por que você não está nervoso? Harry perguntou, surpreendendo a si
mesmo aparentemente mais do que a Rony.
-Oh sim, Rony zombou, - como se você fosse me vencer.
-Eu estou falando sobre... essa noite, Harry falou, olhando rapidamente
para Simas e Neville para ter certeza de que eles não estavam perto o bastante
para escutá-los e então baixou a voz mais um pouco.
-Por que eu estaria? Rony perguntou casualmente.
-Oh puxa, eu não sei, Harry sussurrou. -Talvez pelo fato de que você vai
se casar em poucas horas, para começar?
-Você quer dizer ligados, Rony corrigiu-o, sabendo muito bem que eles
somente estavam ficando noivos um do outro e não tecnicamente casando até que a
união estivesse consumada, o que não iria acontecer até que a Poção de União
estivesse terminada. É claro que ele não podia explicar exatamente tudo isso a
Harry, então ele tentava manter as suas respostas vagas. -E dai? Não é como se
isso fosse mudar alguma coisa.
-Você ficou louco? Harry perguntou totalmente aturdido com a resposta
despreocupada de seu amigo. -Isso vai mudar tudo.
-Como o que? Rony disse, dando a Harry um olhar curioso.
-Como tudo, ele respondeu.
-Não vai não, Rony assegurou de um modo desinteressado. -Não realmente,
corrigiu a si mesmo. -O que estou dizendo é que isso não vai nos afetar de modo
geral. Nós não iremos nos transformar em pessoas diferentes ou algo parecido.
As coisas continuarão as mesmas amanhã, como são hoje.
“Exceto pelo fato de você estar casado e transando”, Harry pensou. -Hum...
Olhe Rony, ele falou, encostando-se em sua poltrona e olhando para seu colega
desconfortavelmente. -Eu não quero que você leve isso pelo lado errado,
continuou baixo, de modo a ter certeza de que ninguém mais na sala pudesse
escutá-lo, - mas Hermione é minha amiga e eu... er... Eu não seria um bom amigo
para ela se não perguntasse a você sobre as suas... uh...
-... Intenções, Rony terminou por ele. Ele tinha imaginado se Harry iria
ter a coragem de confrontá-lo novamente, sabendo como as responsabilidades
"superprotetoras” de irmão mais velho eram normalmente seu departamento e
por isso Harry estava desconfortável naquele papel. -Eu pensei que já tivesse
deixado isso claro.
-Eu sei que você gosta dela, Harry sussurrou.
-Eu a amo, Rony corrigiu, mantendo sua própria voz baixa.
-E que você nunca fez nada para feri-la, Harry continuou, como se não
tivesse escutado. -Mas isso tudo está acontecendo muito rápido, não acha?
perguntou, tirando seus olhos do chão ao mesmo tempo em que seu rosto corava. -E
eu... er... bem, tenho que perguntar se você... hum... Você não está colocando
o carro na frente dos bois só porque quer dormir com ela, está?
-Colocando o carro na frente dos bois? Rony perguntou, escolhendo focar
na expressão trouxa que seu amigo usara para dar a si mesmo um pouco de tempo
para pensar em como responder.
-Você sabe do que eu estou falando, Harry persistiu. -Você está fazendo
isso agora, por que quer transar com ela?
-Eu podia ter dormido com ela antes de hoje se isso fosse tudo que eu quisesse,
Rony finalmente admitiu depois de alguns poucos momentos de silêncio.
-Mas você não poderia mais usar o feitiço, Harry revidou. -Porque de
acordo com os livros que Hermione me deu, isso só funciona com... virgens, ele
sussurrou a última palavra tão baixo que Rony mal pode ouvi-lo. -Se você
dormisse com ela, não poderia fazer o feitiço e se não lançar o feitiço, não
pode dormir com ela, então é por isso que você está fazendo isso agora. Porque
está cansado de esperar?
-Eu vou fazer isso agora, porque eu quero protegê-la agora, Rony
respondeu numa voz baixa. -Eu queria protegê-la antes de deixarmos o Largo
Grimmauld, mas... bem isso não foi possível.
-Você ainda não respondeu a minha pergunta, Harry informou-o com um
olhar penetrante.
-Somente porque nós iremos usar o feitiço, não significa... bem, isso
não vai mudar em nada no que diz respeito a nós, Rony falou com um suspiro. -Além
disso, torna-o mais permanente, adicionou com malícia. -Mas isso não vai mudar
o que eu sinto por ela e eu certamente não vou pressioná-la a fazer o que ela
não quer ou não esteja pronta pra fazer só porque eu tenho mais poder, se é
isso que você quer dizer.
-Não é isso, Harry replicou, - Eu quero saber por que você quer fazer
isso agora. Se isso não vai mudar nada, por que não esperar?
-Porque eu a amo, Rony respondeu rapidamente. -Porque eu quero
protegê-la o mais rápido possível. Porque eu vou passar o resto da minha vida
com ela e eu não vejo nenhum motivo para esperarmos e casarmos depois, quando
podemos fazer isso agora. Pelo menos desse modo nós garantimos alguns anos
juntos, mas uma vez que nós nos formemos... Eu não posso prometer nada a ela
sobre isso. Se a guerra ainda estiver acontecendo, nós iremos nos juntar à
Ordem e então nós não podemos dizer o que irá acontecer. Se algo acontecer
comigo, eu não quero que ela olhe para trás e tenha nenhum remorso. Eu sei o
que é isso, porque foi como eu me senti quando levaram ela. Eu não quero que
ela se sinta assim. Eu não quero deixar nada sem ser dito ou inacabado entre
nós. Eu não posso prometer uma vida inteira agora, porque eu não sei quanto
tempo eu tenho, mas eu posso prometer a ela todos os dias a partir de agora até
lá, quando quer que isso aconteça.
-Whoa, Harry exclamou, enquanto seus olhos se arregalavam com a
intensidade da declaração de seu melhor amigo. -Isso é... Uau! Você pode dizer
isso a ela, você sabe, porque isso foi... uau. Mas, nada vai acontecer a você,
adicionou, antes de refletir sobre as últimas coisas que Rony tinha dito. -A
nenhum de vocês.
-Você não sabe isso, Harry.
-Sim eu sei, o jovem de óculos disse com veemência. -Porque eu não vou
mais cair em nenhuma dessas armadilhas e não vou deixar mais ninguém que eu gosto
se machucar por minha causa.
-Isso não é por sua causa, Rony informou com tristeza. -É por causa
dele. Porque ele é um bastardo louco e tem de ser parado. Você não é
responsável pelas coisas que ele faz ou pelo que nós fazemos também. Todos nós
fazemos as nossas próprias escolhas e Hermione e eu escolhemos ficar junto com
você. Você não será capaz de nos afastar disso. Eu não vou ficar de lado e
deixar você enfrentá-lo ou aos outros sozinho. Eu vou proteger a minha família
e isso inclui você e Hermione. Eu só espero que ela seja capaz de entender isso
quando a hora chegar.
-Entender o que? Harry perguntou, estudando intensamente seu amigo. -Você
não está planejando tentar mantê-la afastada disso, está?
-Pode estar certo que sim.
-Mas você acabou de me dizer que eu não seria capaz de manter nenhum de
vocês dois fora disso. O que o faz pensar que você seria capaz de pará-la?
-Eu vou encontrar um jeito, Rony declarou com determinação. -Eu tenho
que encontrar. Ela já tentou se sacrificar por mim uma vez. Eu vou estar
perdido se vê-la fazendo isso novamente.
-E aqueles planos dela? Harry perguntou. -Ela não vai precisar estar
aqui para isso...?
-Não, Rony, cortou-o. -De fato, adicionou, enquanto um novo pensamento
ocorria. “Ela vai ter que ficar bem fora disso para que funcione. Porque se ela
não estiver e nós dois morrermos, não terá nada que mantenha as nossas almas
ligadas e nenhuma chance de fazê-las voltar aos nossos corpos, sem falar que
aquela coisa de massagem cardíaca que ela mencionou não terá utilidade. Então
ela não terá escolha. Ela vai ter que ficar fora da ação, o que parece perfeito
para mim. Eu tenho certeza de que ela não ficará nada contente sobre isso, mas
o plano é dela, acima de tudo”.
-Vocês vão contar isso tudo pra mim? Harry perguntou, uma vez que
percebeu que seu amigo tinha ficado pensativo e estava perdido em seus próprios
pensamentos.
-Isso é tudo que eu posso contar a você, Rony respondeu. -Por agora. Mas
você vai falar com a Tonks amanhã depois da aula de DCAT, certo?
-Vou, Harry suspirou. Ele realmente não sabia porque estava evitando
isso, mas não estava na verdade pensando em recomeçar a treinar Oclumência de
novo, mesmo tendo certeza de que Tonks ficaria muito feliz em ajudá-lo. “Se ela
puder”, lembrou-se, porque ela pode não ser capaz de fazê-lo. “De certo, se ela
pudesse, Dumbledore teria mencionado ou mesmo sugerido. A menos que ele pense
que isso não seja tão importante agora que os sonhos pararam e nós sabemos que
Voldemort não pode me possuir por muito tempo. Ele ainda pode espionar meus
pensamentos, o que explica porque ninguém me conta mais nada. Nem mesmo os meus
melhores amigos”.
-HARRY?
-Huh? ele falou, após ficar imerso em seus próprios pensamentos.
-Você vai pedir para ela te ajudar com aquela coisa de partição da
mente, certo? Rony repetiu, percebendo que seu amigo não tinha lhe escutado da
primeira vez que havia perguntado.
-Oh, é. As partições. Certo, eu irei pedir isso também. Mas eu não sei se
a Tonks sabe como fazer isso.
-Mas a Hermione sabe, Rony respondeu. -Embora eu não tenha certeza de
que ela sabe o que está fazendo quando faz isso. Eu acho que Dumbledore talvez
tenha mencionado algo sobre isso ser instintivo, mas ela definitivamente pode
olhar nos olhos de Moody e mentir para ele, mesmo sob a Maldição Imperius.
Talvez elas duas possam trabalhar isso com você, sugeriu. -Se isso for ajudar.
Mas não existe motivo para nos preocuparmos com isso antes de falar com a
Tonks, certo? Então o que você acha de somente tentarmos esquecer todas essas
coisas sérias e nos distrairmos terminando a partida?
-Parece uma boa ideia para mim, Harry replicou, focando-se novamente sua
atenção no tabuleiro de xadrez entre eles.
O resto do dia pareceu voar, na opinião de Harry. Num minuto ele estava
jogando xadrez com Rony, e a próxima coisa que ele percebeu foi que Hermione
estava parada no salão comunal ao lado deles, amolando-os sobre como eles
precisariam de casacos se ainda planejavam descer para visitar Hagrid antes do
jantar. Isso é claro, pegou Harry desprevenido. Não a amolação, isso era
completamente normal, mas o fato de tanto tempo ter se passado sem que
percebessem. Eles deviam ter olhado o relógio, visto que era suposto que
encontrassem Hermione assim que ela deixasse a aula de Aritmancia, mas eles
tinham estado tão envolvidos em suas jogadas que depois de um tempo, eles
pararam de conferir as horas.
Felizmente Hermione não pareceu estar zangada de maneira nenhuma, então
Harry assumiu que ela devia ter retornado à Torre primeiro para deixar seus
livros e quando ela o fez, obviamente os viu.
-Sim, mãe, Rony zombou, olhando para Harry e rolando os olhos.
-Faça como quiser, Hermione devolveu com um sorriso afetado. -Mas só
para você saber, ela sussurrou, enquanto se sentava no braço da poltrona em que
Rony estava sentado e chegava para frente para que somente seus amigos pudessem
ouvi-la, - Eu não tenho nenhuma intenção de pegar seu resfriado, então nada de
namoro se você ficar doente.
-Oh é? Nós vamos ver isso, ele riu, agarrando os braços dela e
rebocando-a do lado de sua cadeira para cima de seu colo. Não que ela tenha
ficado ali por muito tempo. De fato, ela se apoiou e ficou de pé em frente a
ele olhando um tanto atravessada por alguns segundos.
-Boa jogada, Weasley, Harry riu, assim que Hermione bufou para ele e
subiu ao seu dormitório para mudar de roupa.
-Ah, cale a boca, Rony retorquiu, levantando-se e indo na direção da
escada dos rapazes. -Você vem? perguntou, enquanto subia para apanhar um casaco
e a capa.
-Não, só traga meu casaco, Harry respondeu, enquanto puxava a esmo as
peças de xadrez restantes e colocando-as na mesma caixa, imaginando que eles
podiam separá-las depois.
Uma vez lá fora, os rapazes ficaram agradecidos por Hermione ter
insistido que eles se agasalhassem, apesar de nenhum deles estar disposto a
admitir isso. Mesmo assim, eles estavam encharcados no momento em que eles
chegaram à cabana de Hagrid, mas tão logo este abriu a porta e deixou-os
entrar, Hermione remediou a situação com alguns feitiços para secá-los. Eles
passaram o restante da tarde conversando com Hagrid, embora ele não tenha dito
muita coisa sobre o que havia feito durante o verão, ou sobre o que ainda o
mantinha ocupado. E ele nitidamente se recusou a dar a eles qualquer informação
sobre o que Voldemort podia estar fazendo, mesmo depois que Harry ficou cansado
de dar voltas no assunto e perguntou diretamente.
-Ouvi o que aconteceu com você é claro, ele disse, desculpando-se para
Hermione, depois de Harry perguntou sobre Voldemort. -Larguei tudo e fui
voluntário pra procurar por todos os lugares logo depois. Claro que nós não
tínhamos a menor ideia de onde começar a procurar. Fiquei impressionado quando
ouvi que você tinha conseguido escapar sozinha. E pelo que escutei, Rony tem
tomado conta direitinho de você desde então, adicionou, piscando para Rony cuja
face instantaneamente ficara intensamente vermelha. -Já estava na hora de vocês
dois pararem de ficar dando voltas, se querem saber.
-O que não queremos, Rony grunhiu para si mesmo.
-E você, Harry? Hagrid perguntou bruscamente, enquanto colocava um prato
com seu bolo feito em casa na frente deles. -Tá de olho em alguém em
particular?
-Não, ele respondeu duramente, torcendo para que Hagrid pegasse a
sugestão e não percebesse que ele havia respondido rápido demais. Infelizmente
ele falhou em contar que seu melhor amigo estivesse tentando desviar a atenção
para si mesmo.
-Eu tenho certeza que a Parvati ficaria de coração partido se ouvisse
isso, o ruivo alto riu baixinho.
-Não mais do que a Lilá ficaria se ela descobrisse que na verdade você
está fora do mercado, Harry contra-atacou, tirando definitivamente o sorriso do
rosto de Rony.
-Parvati Patil é? Hagrid concordou. -Ela parece ser uma boa garota.
-Nós podemos, por favor, falar de outra cosia? Harry suspirou
exasperado.
-Como está Grope? Hermione perguntou prontamente, atraindo efetivamente
a atenção de Hagrid. -Ele deve ter se sentido terrivelmente sozinho na floresta
por todo o verão.
-Oh, Grope está bem. Muito bem. Muito mais calmo agora. Os centauros
ainda dão um bocado de trabalho se ele chega muito perto, mas fora isso...
Estou ajudando com o inglês dele, quando encontro tempo. Ele entende um pouco
mais agora. Não fala muito, a menos que queira alguma coisa. Ele perguntou se
vai ter outra visita, desde que viu vocês dois na floresta com Magoriano e
Bane, falou para Harry e Hermione. -Nós vamos ter que esperar a chuva parar,
claro.
-É isso que está impedindo você, Rony murmurou para Harry. -A chuva. Não
tem nada a ver com o fato do pequeno irmão dele não saber controlar as suas
gigantescas mãos.
Depois do jantar, o trio retornou ao Salão Comunal e a despeito do fato
de Harry saber que não seria capaz de manter sua mente no que estava fazendo,
ele apanhou sua mochila e puxou de lá seu trabalho incompleto de poções. Ele
teria pedido para Hermione ajudar, mas ela desapareceu escada acima tão logo
haviam entrado e ela ainda não desceria até a hora dela e Rony saírem para suas
rondas como monitores.
-Nós vemos você à meia noite, Rony sussurrou, ao se aproximar e apanhar
suas vestes que ele havia deixado largada no encosto do sofá onde Harry estava
sentado.
-Certo, Harry respondeu, observando seus melhores amigos deixarem juntos
o local. “Meia noite”, pensou, olhando para o seu relógio. Isso dava a ele
apenas três horas para terminar seu trabalho de poções, ir lá em cima e apanhar
sua capa de invisibilidade, sair do salão comunal sem ser notado e então ir até
a Sala Precisa, onde Rony e Hermione estariam esperando para realizarem o
Lànain.
Infelizmente, isso não seria tão fácil como ele pensara. Não se Gina
Weasley estivesse sentada à mesa próxima à porta fazendo seus deveres. De fato,
Harry estaria encrencado se ela estivesse em qualquer lugar do salão comunal
quando fosse a hora dele sair, porque ela certamente perceberia o buraco do
retrato abrindo e fechando.
“Ela sabe que você tem uma capa de invisibilidade”, Harry falou a si
mesmo, olhando fixamente para seu livro de poções fingindo ler, “e se ela o
seguir e descobrir o que está acontecendo, Rony vai matar você. Isso seria
muito mais fácil se Hermione tivesse apenas explicado tudo a ela, pensou. Gina
é sensata o bastante. Eu tenho certeza que ela entenderia uma vez que Hermione
contasse a ela o porquê eles vão fazer isso. E mesmo que ela não entendesse,
duvido que ela fosse interferir do jeito que Rony imagina. Além do mais, ela
irá descobrir em algum momento. Mas não por você”, lembrou-se, abaixando o
livro, juntando o resto de suas coisas, empurrando-as de volta para dentro de
sua mochila e subindo as escadas antes que ele pudesse involuntariamente por
tudo a perder.
Infelizmente, quando ele deslizou pelas escadas poucas horas depois,
Gina ainda estava de fato no salão comunal, ainda que ela estivesse longe da
entrada e não estivesse fazendo mais seu trabalho. Ela estava sentada no sofá
perto da lareira, conversando com uma pequena menina loira que Harry já tinha
visto por ali algumas vezes, mas nunca havia prestado realmente atenção.
“Por que ela está abraçando a primeiranista”? Harry imaginou, observando
Gina passar seu braço pelos ombros da garotinha enquanto ele caminhava devagar na
direção do buraco do retrato. É claro que quando ele chegasse lá, não havia
nada que ele pudesse fazer, mas ficar ali parado esperando que Gina e a
garotinha fossem para a cama, demorou muito mais do que ele havia esperado.
-Você demorou muito, Rony, que estava parado em frente à tapeçaria de
Barnabás o Amalucado, estudando o Mapa do maroto, falou mesmo antes de seu
melhor amigo retirar a capa de invisibilidade de cima de sua cabeça.
-Uma vez que você está olhando o mapa, deve ter percebido que eu estava
esperando que sua irmã saísse do caminho, Harry replicou, materializando-se no
ar.
-Não, eu só chequei alguns minutos atrás e você já tinha saído da Torre,
Rony respondeu, puxando sua varinha do bolso e apontando-a para o pedaço de
pergaminho. -Malfeito feito, murmurou.
-Onde está Hermione? Harry perguntou.
-Ela já está lá dentro, Rony respondeu, indicando a parede lisa do lado
oposto à tapeçaria onde a porta para a Sala Precisa ficava escondida. -Você
sabe, lendo sobre o encantamento pela milésima vez só para garantir que sabe
tudo o que vai acontecer.
-E você? Harry perguntou, depois que Rony tinha passado três vezes em
frente à parede em branco e a porta apareceu.
-Eu fiquei com a impressão de que esqueci alguma coisa só agora enquanto
caminhava, Rony informou-o.
-Pegou tudo o que você vai precisar? Harry questionou, enquanto seu
amigo segurava na maçaneta. -Você por acaso não deixou a coisa mais importante
no seu malão, não é?
-CARALHO! Rony xingou, abandonando a maçaneta para apalpar os bolsos em
sua veste quando percebeu o que ele tinha esquecido. -Hermione me perguntou seu
eu tinha tudo comigo umas dez vezes enquanto fazíamos a ronda. Ela já estava
nervosa sobre sermos apanhados por causa disso e agora eu vou ter que voltar
até o nosso quarto e pegá-las. Ela vai me matar.
-Essa noite não, Harry zombou, retirando uma caixa de madeira de seu
próprio bolso e entregando para Rony. -Considere como cumprida a minha
obrigação de padrinho, falou, enquanto o ruivo pegava a caixa com os talismãs
do Lànain com a boca aberta.
-Harry! Ele exclamou em júbilo, olhando para a caixa, maravilhado. -Você
é demais, cara. Sério. Você salvou a minha vida. Mas, como você sabia que eu
tinha esquecido isso?
-Bem, esse é a minha função, não é? Harry riu. -Ter certeza de que você
não irá estragar o seu próprio casamento, ou cerimônia de ligação, ou o que
diabos isso seja. E uma vez que você saiu para a ronda sem subir primeiro para
o quarto, eu imaginei que o único modo de você ter isso consigo, seria se você
tivesse carregado isso com você o dia todo, então eu resolvi checar no seu
malão. Eu não pensei que você fosse se importar.
-Você está brincando?
-Então você está pronto? ele perguntou, decidido que agora provavelmente
não era a hora certa de mencionar o livro pornográfico que ele tinha
acidentalmente achado enquanto procurava os talismãs. -Você quer realmente
fazer isso.
-Quero, Rony respondeu, depois de respirar fundo. -Sim, eu acho que
estou pronto.
-Eu vejo o nervosismo finalmente começar a aparecer? Harry falou, vendo
a cor fugir do rosto de seu melhor amigo. -Finalmente caiu a ficha, não é?
-OH DEUS! Rony murmurou, encostando-se à parede ao lado da porta. -E se
eu fizer alguma coisa errada e estragar tudo?
-Isso tudo parece bastante simples para mim, Harry replicou. -Só deixe
Hermione começar e imite tudo que ela fizer.
-É. É, ok, Rony respondeu mecanicamente. -Eu posso fazer isso. Eu posso.
Não é grande coisa, disse, abrindo sua mão e olhando fixamente para a palma
suada. -São só pequenos cortes, isso é tudo.
-Talvez eu devesse checar Hermione, Harry sugeriu. Se Rony estivesse
finalmente sentindo a pressão que ele só podia imaginar o estado em que ele a
encontraria, agora que ela não tinha nenhum trabalho ou obrigações de monitores
para se distrair. -Você sabe, ter certeza de que ela está pronta e tudo mais?
-É, Rony respondeu, saindo do caminho para que seu melhor amigo pudesse
passar pela porta, -e Harry, diga a ela que se ela hum... se ela tiver mudado
de ideia ou coisa do tipo, está tudo bem. Não espere, exclamou, quando Harry
segurou na maçaneta. -Não diga isso a ela. Eu não quero que ela pense que eu
mudei de ideia e só estou acovardado demais para admitir. Na verdade, disse,
depois de dar outra profunda respiração e tomar sua decisão. -É melhor eu ir
com você, ou ela pode pensar que eu vou tentar fugir.
-Tudo bem Hermione? Harry perguntou, enquanto eles entravam na sala que
estava a réplica perfeita do salão comunal da Grifinória, só que ali entravam
por uma porta em vez do retrato.
-O que você está fazendo? Rony perguntou, quando percebeu que Hermione
estava debruçada sobre uma das mesas de estudo, consultando um livro aberto,
com um pedaço de carvão em sua mão.
-Marcando as linhas certas, ela disse, virando-se e espalmando a mão no
ar para revelar três linhas marcadas de preto, duas delas interceptadas por uma
cruz disforme no centro de sua mão. -Nós mal vimos quiromancia enquanto eu
estive na aula de Adivinhação, então eu quero ter certeza de que sei que linhas
escolher, explicou. -E eu percebi, tão logo comecei a checar, que seria melhor
que eu as marcasse, então não corremos o risco de cometer nenhum erro.
-E se isso interferir no feitiço? Rony perguntou, aproximando-se da mesa
em que ela estava e perscrutando o livro aberto para encontrar a carta de
quiromancia.
-Isso é só carvão.
-Bem, eu sei que linhas escolher, Rony replicou, pegando a mão dela e
escovando-a com os dedos para frente e para trás até que as linhas
desaparecessem, - então nós não iremos precisar disso. Aqui, disse, soltando a mão
dela e segurando a sua própria para que ela olhasse. -Eu vou te mostrar. Essa
aqui no centro é a Linha da Cabeça, informou-a, passando um dedo sobre a linha
horizontal no meio de sua palma. -Ela representa a inteligência, então a sua
provavelmente será fácil de encontrar. Mas ela também representa nosso valor
mágico, e por isso é que ela é importante para o Lànain. Essa aqui, Rony falou,
passando seu dedo na linha que começava perto de seu punho e seguia na direção
de seu dedo médio, - é a Linha do Destino. As Linhas do Casamento, que mostra
os relacionamentos, são difíceis de ver, mas eu só tenho uma, ele informou-a,
apontando para a pequena linha horizontal talhada logo abaixo de seu dedo
mínimo. -Então deve ser fácil para você. Deixe-me ver sua mão novamente para que
eu possa encontrar as suas, falou, agarrando a palma dela, virando-a para cima
e segurando-a para que ele pudesse inspecioná-la. -Ei! Você tem duas.
-Não tenho não, Hermione disse defensivamente, retirando sua mão da dele
e reexaminando-a ela mesma. -Só tem essa aqui, ela disse, apontando para a
linha profunda abaixo de seu mindinho.
-E essa aqui logo abaixo? Rony perguntou.
“OH NÃO”! Harry pensou, na verdade grunhindo baixinho quando percebeu
onde isso ia dar. “NÃO FAÇA ISSO! NÃO MENCIONE O KRUM, SEU IDIOTA”!
-Er... Ron...
-Essa mal pode ser considerada uma linha, está tão apagada, Hermione
devolveu defensivamente, - e ela nem mesmo vai até o outro lado da minha mão.
-Ainda assim ela conta, Rony insistiu. -Eu nunca percebi que você esteve
tão ligada assim ao Lockhart, adicionou com um sorriso torto.
-Eu não estive.
-Ah, mas você tem mais de uma linha, Rony riu em silêncio, - e eu me
lembro de uma certa pessoa dormindo com um cartão de melhoras embaixo do
travesseiro.
-Oh, cale-se, Hermione murmurou, enquanto seu rosto ganhava um adorável
tom de vermelho. -Eu nunca vou me livrar disso, não é? Você vai passar o resto
de nossas vidas implicando comigo por isso?
-Com certeza, Rony respondeu, seus olhos azuis brilhando de
divertimento.
-Nesse caso eu tenho duas palavras para você, Hermione replicou. -Fleur
Del..
-Isso não foi minha culpa, Rony disse rapidamente, cortando-a. - E eu
não tenho outra linha, adicionou, levantando sua mão para provar.
-Mesmo assim você fez um papel ridículo, Harry zombou.
-Muito obrigado, Harry, Rony murmurou, suas orelhas ficando vermelhas.
-Bem, você fez, reiterou com um sorriso.
-Sim, bem, eu faço papel de bobo o tempo todo, então não é grande coisa,
certo?
-Não todo o tempo, Hermione falou, pegando a mão de Rony nas suas e
passando seu dedo sobre a pequena linha em seu dedo menor.
-Hermione? ele perguntou, a insegurança vibrando por sua voz. -Você tem
certeza? Porque nós não precisamos fazer isso agora. Quero dizer, eu... er...
Eu não me importo de esperar e...
-Eu tenho, ela respondeu suavemente, seus olhos fixos nos dele.
-De verdade?
-Eu tenho certeza que amo você, ela disse, chegando um pouco mais perto.
-Tenho certeza que confio em você. E tenho certeza de que quero fazer isso,
adicionou, enquanto apanhava da mesa uma pequena adaga e segurava fora do
alcance de Rony.
-Eu não quero machucar você, ele disse calmamente, olhando fixamente
para a lâmina na mão dela.
-Só vai doer um pouquinho.
-Você... você acha melhor começar comigo? Rony perguntou nervosamente.
-Ok, ela disse debilmente, olhando para a palma de Rony antes de mirar
rapidamente Harry, que tinha permanecido muito quieto. -Você pode segurar os
talismãs para nós enquanto nós... hum... começamos? perguntou.
-O que? Harry falou surpreso. -Oh, sim. Eu acho. Se isso for ajudar,
adicionou, olhando para Rony, cuja face estava perdendo a cor devagar.
-Como você prefere a última parte? Hermione perguntou a Rony, quando ele
enfiou a mão no bolso e retirou a caixa contendo os talismãs do Lànain e
entregou a Harry. -Um de cada vez ou juntos?
-Juntos, ele respondeu quase instantaneamente.
-Tem certeza? Hermione disse, olhando-o diretamente nos olhos.
-Sim, eu tenho, Rony disse baixinho. -Eu acho que nunca estive tão certo
de alguma coisa. Você não vai chorar, vai? perguntou, quando ele viu os olhos
dela encherem de lágrimas.
-Talvez, ela admitiu.
-Ah, por que as garotas fazem isso? ele se queixou.
-Eu amo você, ela sussurrou, antes de fechar seus olhos e respirar profundamente.
-Você está pronto? perguntou, virando a palma de mão direita dele para cima em
frente a si.
-Sim, Rony respondeu, enquanto Hermione abria seus olhos e colocava a
ponta da lâmina contra o centro da mão dele.
-A Linha da Cabeça irá ligar você a mim, ela disse ao aplicar mais
pressão e traçar a linha com a ponta da faca, deixando um fino traço de sangue
enquanto fazia. -O Destino conspirou para te fazer meu, entoou, reposicionando
a lâmina logo abaixo do dedo mínimo de Rony e deslizando até a Linha do
Destino. -Você pertence a mim, disse baixinho enquanto cortava a Linha do
Casamento da mão de Rony, então a soltando e cortando as mesmas três linhas na
própria mão. -Sua vez, ela disse, segurando a faca de modo que Rony pudesse
pegar.
Vendo que sua mão direita já estava sangrando, assim como a esquerda de
Hermione, ele fez a sua parte rapidamente, e em questão de segundos as mãos que
faltavam já haviam sido transpassadas também. Assim que não precisou mais da
faca, Rony jogou-a sobre a mesa e virou-se para Harry, que estava observando os
dois com os olhos arregalados.
-Tudo bem ai, cara? ele perguntou, quando viu o olhar de repulsa no
rosto de Harry.
-O que? Oh sim. É, eu estou bem.
-Não é tão ruim quanto parece, Rony assegurou ao seu amigo. -Faça um
favor para mim e abra a caixa.
-Oh, é, vocês vão precisar disso, não é? Harry perguntou, enquanto abria
a caixa de madeira em sua mão e segurava ao alcance de Rony.
-Obrigado, cara, Rony disse, apanhando um dos talismãs da caixa e
colocando-o no centro de sua mão esquerda. -É melhor não tocar no outro agora,
falou para Hermione, que concordou com a cabeça e retirou o segundo talismã ela
mesma. -Pronta? Rony perguntou, assim que Hermione posicionou o talismã no
centro de sua mão esquerda, do mesmo modo que ele havia feito.
-Você se lembra do feitiço? ela perguntou.
-Sim, eu acho. Eu decorei, mas deve ter uma cola aqui em algum lugar,
para o caso de precisar, ele disse seus olhos percorrendo a mesa ao lado deles.
-Maldição, onde está? Rony perguntou, quando não encontrou o pedaço de
pergaminho ao lado do livro de Hermione.
-É esse aqui? Harry perguntou, apanhando o pergaminho de uma das
poltronas e olhando para o que parecia ser um pequeno feitiço. Apesar do que falou
Harry não tinha completa certeza, porque estava escrito em gaélico.
-Deixe-me ver isso por um momento, Rony falou, afastando-se de Hermione
para ler o feitiço mais uma vez, só para ter certeza que tinha decorado. -Ok,
já peguei. Vamos começar antes que eu me esqueça. Pronta? perguntou, apanhando
a mão direita de Hermione e pressionando sua própria palma, e o talismã que
estava segurando, contra a dela, antes de juntar seus dedos.
-No três, Hermione disse, depois de agarrar a mão direita de Rony. -Um,
falou, pressionando sua palma e o talismã que segurava contra ele. -Dois, ela
disse, juntando seus dedos do mesmo modo que ele havia feito. -Três, falou,
antes de balançar sua cabeça e entoar o pequeno feitiço junto com Rony.
Enquanto eles terminavam o encantamento, um pequeno facho de luz
vermelha surgiu entre eles, interligando suas mãos e quando eles as separaram
os cortes haviam sido curados e o sangue sumira, restando somente os talismãs.
-Eu acho que deve ter funcionado, Rony falou, olhando fixamente para os
lugares onde os cortes haviam estado.
-Só tem um meio de sabermos com certeza, Hermione falou, dando um passo
à frente ao segurar o talismã pela corrente onde o pingente estava pendurado. -Se
você for capaz de tirar isso, então nós saberemos que não funcionou, ela disse,
segurando o objeto no ar, mas não se mexendo para colocá-lo no pescoço de Rony.
-Bem, então vá em frente, ele falou, dando a ela um de seus sorrisos
enviesados. -Me faça seu. Não que eu já não seja.
-Você não deveria brincar, Hermione repreendeu.
-O que te faz pensar que eu estou brincando? ele perguntou. -Tudo bem,
eu vou primeiro então, adicionou, abrindo a corrente que segurava, afastando os
cabelos dela para o lado e colocando a corrente prateada em volta do pescoço
dela. -O que você fez com o talismã de proteção que eu te dei? Rony perguntou,
enquanto lutava com o fecho do colar.
-Eu o tirei um pouco antes de você entrar, ela respondeu, estremecendo
um pouquinho quando Rony chegou ainda mais perto para ver melhor o que fazia e
ela sentiu o hálito quente dele em seu pescoço. -Está no meu bolso se você o
quiser de volta.
-Aquilo foi um presente, ele disse, soando levemente insultado enquanto
se afastava.
-Eu pensei que esse fosse o presente, Hermione replicou, correndo os
dedos pela corrente que agora circundava seu pescoço.
-Poucas mulheres veriam isso desse jeito, Rony retorquiu.
-Talvez isso seja porque seus 'maridos' não tenham feito o mesmo em
retorno, ela devolveu, aproximando-se de Rony e colocando o talismã em volta do
pescoço dele.
-Bem, agora eu sou oficialmente seu, Rony disse alegremente, assim que
ela se afastou dele. -O que você quer fazer comigo?
-Eu tenho algumas ideias.
-Bem, eu acho que essa é a deixa para eu ir embora, Harry avisou antes
que Hermione falasse mais alguma coisa. -Parabéns e tudo mais, disse, agarrando
sua capa de invisibilidade de cima da cadeira onde havia jogado assim que
entrara e encaminhando-se para a porta. -Eu vejo vocês dois depois.
-Onde você vai? Hermione perguntou, claramente surpresa pela saída
rápida de Harry.
-Para cama. Boa noite, ele disse, saindo sorrateiramente pela porta
antes que qualquer um de seus melhores amigos pudesse dizer alguma palavra.
-Foi alguma coisa que eu disse? Hermione perguntou a Rony, que estava
rindo.
-Eu acho que sim, ele respondeu, enquanto passava os braços pela cintura
dela. -Aposto que ele não queria me ver beijar a noiva.
*